O Banco de sementes nativas da APAVIVA  foi criado com o objetivo de auxiliar nos programas de recuperação ambiental da Unidade de Conservação (UC) de Uso Sustentável – Área de Proteção Ambiental de Campinas

 

O Plano de Manejo da APA aponta que metade do território da Unidades de Conservação (UC) é composto por campos antrópicos degradados, suas nascentes e ribeirões sem mata ciliar. A recomposição florestal dessas áreas degradadas promoverá a biodiversidade e a manutenção genética das espécies nativas de Mata Atlântica presentes na Floresta Estacional Semidecidual (FES) – Mata Ribeirão Cachoeira com espécies já identificadas em risco de extinção.

Entende- se como banco de sementes a conservação ex-situ de espécies vegetais que desempenham fundamental importância como um recurso natural.

 

Floresta Estacional Semidecidual (FES) de Mata Atlântica da APA

A Mata Atlântica é composta por formações:

  • Florestais nativas (Floresta Ombrófila Densa;
  • Floresta Ombrófila Mista, também denominada de Mata de Araucárias;
  • Floresta Ombrófila Aberta;
  • Floresta Estacional Semidecidual;
  • Floresta Estacional Decidual), e ecossistemas associados (manguezais, vegetações de restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste)

 

Originalmente, o bioma ocupava mais de 1,3 milhões de km² em 17 estados do território brasileiro, estendendo-se por grande parte da costa do país. Porém, devido à ocupação e atividades humanas na região, hoje resta cerca de 29% de sua cobertura original. Mesmo assim, estima-se que existam na Mata Atlântica cerca de 20 mil espécies vegetais (35% das espécies existentes no Brasil, aproximadamente), incluindo diversas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção.

No ano 2000, a Mata Atlântica foi reconhecida como um hotspot de biodiversidade porque, além do grande número de espécies endêmicas, a maior parte de sua cobertura já desapareceu. De acordo com a última estimativa, a Mata Atlântica brasileira possui apenas 12,5% da sua cobertura “original”, em geral na forma de pequenos fragmentos florestais (menores do que 100 ha) isolados em meio a paisagens altamente antropizadas. Perda e fragmentação de habitats são os dois principais fatores que levam à extinção de espécies, em florestas tropicais. Não é por acaso que mais de duas mil espécies de plantas e animais da Mata Atlântica estão oficialmente ameaçadas de extinção, muitas ainda sem a proteção adequada.

Além disso, a Mata Atlântica desempenha uma extraordinária função social. Cobrindo parcelas significativas de 17 estados e 3.429 municípios, a biodiversidade da Mata Atlântica fornece serviços ecológicos essenciais para cerca de 145 milhões de pessoas (70% da população brasileira) e constitui a base de recursos para uma parcela considerável do produto interno bruto do país. A floresta também mantém a integridade e fertilidade dos solos, protege os corpos d’água e regulariza o fluxo hídrico para as plantações, além de fornecer os polinizadores que os agricultores precisam para a reprodução de suas lavouras.

Como grande parte da energia brasileira é proveniente de hidroelétricas, podemos dizer que a energia que move a economia nacional também é gerada, principalmente, pela Mata Atlântica. Obviamente, a floresta também presta serviços ecossistêmicos de importância global, como o sequestro e o armazenamento de carbono. Com a Mata Atlântica sob constante pressão, as perspectivas para o desenvolvimento sustentável regional são preocupantes, principalmente em uma época de crescente instabilidade climática, com aumento da incidência de eventos extremos, o que torna ainda mais vulneráveis os sistemas naturais e humanos.

A Mata Ribeirão Cachoeira e a APA de Campinas

A APA de Campinas destaca-se por apresentar matas nativas remanescentes em diversos níveis de conservação e com grande biodiversidade, 60% das matas remanescentes (Mata Atlântica) do município encontram-se na APA, ocupando 27% do território do município de Campinas.

A Mata Ribeirão Cachoeira é o maior fragmento florestal da Área de Proteção Ambiental de Campinas, e está localizado na Zona de Conservação Ambiental Especial (Z.AMB), a região mais restritiva. Este fragmento é o mais preservado da região de Campinas. Está inserido em um loteamento rural – Sociedade Loteamento Colinas do Atibaia. Em seu interior está o Ribeirão Cachoeira, origem do nome da mata, que atravessa a mata em sentido Leste-Oeste e desemboca no Rio Atibaia. O Ribeirão Cachoeira nasce próximo a Serra das Cabras, em Joaquim Egídio a aproximadamente 920 metros de altitude. Na sua extensão de 04 km percorre áreas rurais, sendo represado em alguns pontos e recebendo efluentes domésticos e agropecuários. No seu curso não possui mata ciliar, com exceção da porção final que é protegida pela própria mata. A vegetação da Mata Ribeirão Cachoeira é classificada como Floresta Estacional Semidecídual. A diversidade vegetal é alta, com 151 espécies em 46 famílias. As famílias mais ricas em espécies são

  • Leguminosae;
  • Fabaceae- 13,
  • Caesalpinaceae- 7,
  • mimosaceae- 5),
  • Myrtaceae -7
  • Rutaceae -7

 

O Tombamento da Mata Ribeirão Cachoeira, foi realizado pelo CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) em 2002, a MRC foi tombada, como “bem de interesse ambiental”. Uma faixa de 300 metros do seu entorno foi declarada como zona de amortecimento, onde foram previstas restrições de uso e ocupação do solo. Estas restrições ainda são pouco conhecidas e cumpridas pelos moradores que, em sua maioria, se mostram interessados pela conservação da MRC.

O tombamento da Mata Ribeirão Cachoeira foi realizado através da Resolução No 38 de 14 de Março de 2002. A área Envoltória da Mata Ribeirão Cachoeira é constituída por chácaras de um condomínio rural (Colinas do Atibaia), e por duas fazendas, com áreas de pasto, de pomares, roças e áreas de capoeira em regeneração. Este local sofre uma grande e crescente pressão antrópica e vários problemas têm sido observados na área:

  • captação ilícita de água do ribeirão,
  • atropelamento de fauna nativa,
  • extração de mata ciliar,
  • uso de telas em propriedades no entorno da mata que impedem o trânsito da fauna, uso indevido de fogo para limpeza,
  • uso de agrotóxico,
  • excesso de iluminação
  • presença de cachorros domésticos soltos

 

O Banco de Sementes Nativas da APAVIVA

A construção do banco de sementes nativas da APAVIVA, teve seu início a partir de uma demanda dos viveiristas da região. Iniciamos os trabalhos em 2019, com o estabelecimento de procedimentos, que vão desde entrevistas com moradores e caseiros, até consultas bibliográficas especializadas, que definam a localização geográfica de determinadas espécies da qual se pretende coletar as sementes.

Os planos de abastecimento de sementes florestais nativas devem se basear no cálculo da demanda anual de sementes pelos seus principais clientes e nas possibilidades de armazenamento. A demanda de sementes deve ser embasada pelas metas de plantio e da capacidade dos viveiros dos clientes do Banco de Sementes NATIVAS APAVAIVA. A abrangência da área levantada e possíveis alterações genéticas das espécies será considerado para que o banco tenha amostras suficientes e viáveis de sementes para reprodução.

Em parceria com a AMATER, Cooperativa de trabalho e prestação de serviços de assessoria técnica, extensão rural e meio ambiente, formada por técnicos em diferentes áreas, sob a tutela da engenheira agrônoma Sheyla Saori, demos início em 2020 ao projeto piloto, que será implantado em 12 meses para tingir as seguintes etapas:

  • Coleta,
  • Identificação,
  • Preparo das amostras
  • Armazenamento

 

Também prestamos serviços ecossistêmicos de importância global, como o sequestro e o armazenamento de carbono. Com a Mata Atlântica sob constante pressão, as perspectivas para o desenvolvimento sustentável regional são preocupantes, principalmente em uma época de crescente instabilidade climática, com aumento da incidência de eventos extremos, o que torna ainda mais vulneráveis os sistemas naturais e humanos.