As margens do Rio Atibaia, a envoltória da mata Santana virou um canteiro de obras. A Mata possui aproximadamente 40 alqueires de área, fica à margem direita do Rio Atibaia, faz limite com o loteamento Jardim Botânico de Campinas e na outra margem, com o novo empreendimento Villa Saint Anne.
Em cumprimento ao que determina o artigo 216, §1º da Constituição Federal é necessário que se faça valer a proteção garantida pelo tombamento da mata (Resolução CONDEPACC 59/2005). https://drive.google.com/file/d/1cYo1XQmTZ3nAvUqa0qlMpnH4osxOTD2u/view?usp=sharing
O tombamento da Mata traz a responsabilidade do cuidado com seu interior, bem como de sua área envoltória, sob pena do remanescente não resistir sem a proteção de um “amortecedor” para a urbanização. Os animais silvestres são as primeiras vitimas da ocupação da ZONA DE CONSERVAÇÃO DE MANACIAL da APA pelo EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO VILLA SAINT ANNE e dos futuros supostos muros. A Mata SANTANA, assim como sua envoltória, fazem parte do Macro corredor ecológico de Campinas.
De acordo com levantamentos realizados pelo Projeto Fauna de 1991, nela foram encontrados jequitibás, embaúbas, Cabreúva, perobas, jatobás, caviúnas, entre outras, que servem de habitat natural para espécies de animais, dentre os quais bugios, jaguatiricas, pica-paus, capivaras, gaviões, siriemas, tucanos e tatus. Além dos animais listados nos estudos iniciais para o tombamento, hoje , com o avança da tecnologia, mamíferos de médio e grande porte foram registrados por armadilhas fotográficas. As câmeras foram colocadas na margem esquerda do Rio Atibaia, ou seja na envoltória da mata e, durante o período de 2019 a 2022, foram feitos inúmeros registros, como : onça parda, lobo guará, gato mourisco, mão pelada, etc. Em 2022, com o início das obras do Villa Saint Anne, os animais desapareceram.
“Torna-se, ainda, importante a preservação de tal área verde, a terceira maior do município, por estar próxima à principal estação de captação de água da SANASA”, diz a resolução 59 de abril de 2005.
O plano de Manejo da APA de Campinas, gerou estudos técnicos dos meios físicos , bióticos, antrópicos, e sócio econômicos que embasaram o zoneamento ambiental da APA. As florestas remanescentes foram mapeadas e suas envoltórias, assim como sua conexão se tornaram áreas protegidas. Geraram uma legislação que permite a convivência entre o ser humano e o desenvolvimento econômico do território com sustentabilidade.
Ocorre que as secretaria de planejamento e urbanismo da cidade insistem em passar por cima da legislação e atropelam todo o conhecimento científico que definiu as áreas protegidas.
O veado campeiro visualizado na fazenda Santana (atual Vila Saint Anne) em 09/12/2020 e o cachorro do mato visualizado 27/06/2020, são alguns registros recentes que demonstram a importância da Mata da Fazenda Santana como berçário da vida silvestre. imagens: Gustavo SB Carvalho
A APA de Campinas possui 30% do seu território com cobertura de vegetação nativa. Enquanto o município de Campinas totaliza 2,6 % de cobertura vegetal nativa. A conservação dos remanescentes florestais são fundamentais para o equilíbrio ecológico, oferecendo proteção para as águas e o solo, reduzindo o assoreamento de rios, lagos e represas e impedindo a extinção de espécies de fauna que dependem das florestas para viver. Depende do macro corredor ecológico do Rio ATIBAIA todos os animais silvestres de Sousas e Joaquim Egídio. O corredor ecológico fornece alimento e abrigo para a fauna; constituem barreiras naturais contra a disseminação de pragas e doenças da agricultura; e, fixam dióxido de carbono, um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa.