Na madrugada de 25 de julho, quatro dias após o lançamento e a primeira adesão ao Abaixo-Assinado em defesa da das zonas de mananciais e por consequência de todo o Rio Atibaia, ultrapassamos as primeiras 1.500 assinaturas. É um número expressivo que revela, no mínimo, duas coisas: existem, sim, muitas pessoas dispostas a dar alguns cliques para apoiar a preservação ambiental, no entanto, o manifesto foi visualizado por outras 12.000 pessoas que não se sensibilizaram suficientemente para apoiar a causa com meros cliques.
Para assuntos que demandam posições políticas ou ideológicas conflitantes, poderíamos dizer que 11% de conversões é uma vitória estrondosa, porém, a causa é tão óbvia que, numa sociedade ideal, nem deveria existir. Conclusão: Nossa luta é contra a ignorância, é pela sensibilização por meio da informação e da educação.
Nos afastamos tanto do ambiente natural que quase tudo que vemos ou lemos a respeito das agressões às áreas de preservação não acendem a nossa indignação e impulso de revolta como seria esperado numa sociedade minimamente saudável e corretamente informada.
Não temos a pretensão de mudar a consciência social e ambiental a curto prazo, mas para essa batalha, contra os muros no nosso Rio Atibaia, que está acontecendo aqui, nesse jardim encantado que é a Área de Proteção Ambiental de Campinas, é urgente abrir os olhos de todos para o mundo real e próximo e, talvez, o meio mais eficiente para isso seja a documentação fotográfica,
As pessoas precisam saber que as fotos e vídeos de animais utilizados nessa campanha não são materiais encontrados na internet. Tudo foi capturado aqui, mais exatamente na área do loteamento Ville Saint’Anne, antes da chegada das máquinas. Um trabalho espetacular do apicultor e fotografo ambiental Gustavo Carvalho.
A onça, o gavião, o cachorro-do-mato, o veado e o furão são reais. Nossos vizinhos silvestres cada vez mais confinados e oprimidos.
Eles foram apenas as primeiras vítimas da ocupação irregular do empreendimento imobiliário e dos estúpidos muros que pretendem construir. É fato comprovado cientificamente que há uma interdependência entre os animais silvestres, a floresta em pé e o macro corredor ecológico do município. Se deixarmos prejudicar um desses pilares, tudo o que resta do ambiente natural da cidade vai ruir.
Observe na foto de satélite do Google Earth: em uma margem do Rio Atibaia, está a Mata da Fazenda Santana ,um PNT -Patrimônio Natural Tombada, desde 2005. Na outra margem, está a terra nua, raspada por tratores. Restaram apenas 100 hectares de Mata Estacional Semidecidual (Mata Atlântica) com uma rica biodiversidade ameaçada pela ganância do setor imobiliário.
A Zona de Conservação de Manancial, ocupada irregularmente e onde pretendem erguer os muros, funciona como amortecedor para a preservação do remanescente da Mata Atlântica. No entanto, a Secretaria de Planejamento e Urbanismo da cidade atreveu-se a passar por cima de todo o conhecimento técnico-científico e atropelar a legislação e a luta popular que definiu as áreas protegidas.
O Plano de Manejo da APA de Campinas foi gestado com estudos técnicos dos meios físicos, bióticos, antrópicos e socioeconômicos que embasaram o zoneamento ambiental da APA. As florestas remanescentes foram mapeadas e suas envolturas, assim como suas conexões, se tornaram áreas protegidas por lei e outros regramentos que os interesses estúpido-econômicos pretendem destruir.
A APA de Campinas, repetimos: nosso jardim encantado, possui 30% do seu território com cobertura de vegetação nativa, enquanto o município de Campinas totaliza apenas 2,6%. Só isso já é um argumento bastante óbvio para que o Governo Municipal seja o primeiro a defender cada centímetro de mata remanescente. “Só que não”.
A conservação do habitat da fauna nos distritos de Sousas e Joaquim Egídio é fundamental para o equilíbrio ecológico. Oferece proteção para as águas e o solo, reduz o assoreamento de rios, lagos e represas. A floresta protege os animais que regeneram a floresta. É tão simples compreender isso!
E uma pequena floresta isolada é uma floresta agonizante. Os animais silvestres e as pequenas matas dependem do macro corredor ecológico do Rio Atibaia que faz a ligação biológica entre micro habitats que trocam elementos entre si por meio das águas e da fauna. A conexão Atibaia e suas matas são barreiras naturais contra a disseminação de pragas e doenças da agricultura; e fixam dióxido de carbono, um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa.
A defesa dos patrimônios naturais (remanescentes florestais) da APA de Campinas não pode ser uma luta apenas das pessoas e ONGs que habitam ou atuam nos distritos. É um patrimônio de todos os campineiros, de todos os brasileiros e, porque não dizer, da humanidade, pois para salvar o global é preciso agir no local e vice-e-versa.
Você pode ajudar:
- Assine e compartilhe muito o abaixo-assinado contra a construção dos muros.
- Compartilhe também todo o material que a APAVIVA está produzindo nas redes sociais.
- Entre em contato com seus representantes políticos e peça-lhes que se posicionem contra a construção dos muros.
- Faça pressão sobre a Secretaria de Planejamento e Urbanismo da cidade para que cumpra a legislação e tire suas mãos das áreas protegidas da APA de Campinas.
- Doe para a APAVIVA reforçar suas ações remunerando profissionais de comunicação e os advogados, cada vez mais necessários ;-(