Com a parceria entre o Núcleo PCJ do Fórum Popular da Natureza e a APAVIVA, seguimos para a segunda edição do movimento “Reflorestadores Voluntários”. Em novembro de 2021, cerca de 80 voluntários puseram a mão na massa. Em um domingo quente, nos encontramos na sede da APAVIVA e, movidos pela mesma causa, carregamos, cavamos, adubamos e plantamos 250 mudas na beira do Ribeirão Cachoeira, território que havia sido atingido por um incêndio florestal meses antes. O sucesso dessa ação motivou essa segunda edição.

O objetivo desse movimento vai além de fomentar a restauração florestal da FES –  Florestas Estaduais Semidecíduas (mata de transição entre Mata Atlântica e Cerrado) na bacia do PCJ e nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) de Campinas. Nosso alvo é fortalecer a rede de entidades em defesa das florestas, das águas e da biodiversidade, além de capacitar pessoas para atuarem como reflorestadores multiplicadores populares e divulgar a nossa realidade socioambiental.

O plantio de 200 mudas será realizado numa APP (área de preservação permanente) de uma propriedade particular, na Zona de Conservação de Biodiversidade (ZCB) da APA Campinas.

A ação deste ano acontecerá no dia 11 de dezembro de 2022, na zona de amortecimento da Mata Ribeirão Cachoeira, no loteamento rural Colinas do Atibaia. O ponto de encontro será na sede da APAVIVA. Ressalta-se que essa ação dos Reflorestadores Voluntários será responsável apenas pelo plantio: a manutenção das mudas ficará sob responsabilidade do proprietário da área e não é necessário o cadastro no Sare (CETESB).

A localização e o tamanho do polígono definido pelo proprietário orientaram o número de mudas a serem plantadas. Os procedimentos técnicos  levam em consideração a Resolução SMA no 8, de 31 de janeiro de 2008, a qual orienta o reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas no Estado de São Paulo.  A APAVIVA contou com a colaboração da Dra Dionete Santin que orientou a seleção das espécies adequadas à Zona de Conservação de Biodiversidade (ZCB) da APA. Critério de seleção levou em conta as espécies nativas da mata núcleo da APA: A Mata Ribeirão Cachoeira. Será providenciado o preparo do terreno antes da execução do plantio, para controle de gramíneas invasoras, controle de formigas e controle da vegetação exótica que ocupa o solo, roçando-se a área manualmente.  Para um melhor desenvolvimento desse reflorestamento heterogêneo, serão utilizadas mudas com essências nativas da Mata Núcleo da APA – Mata Ribeirão Cachoeira. As mudas são do VIVEIRO das Nativas (APAVIVA) , do viveiro da Mata Santa Genebra (doaram 50 mudas) e do viveiro Tarumã.

Num mapeamento já elaborado no Plano de Manejo da APA Campinas, conclui-se que pelo menos 50% das áreas de preservação permanentes da APA estão degradadas e que todas as áreas que precisam de restauro na APA são particulares. O maior desafio: a adesão dos proprietários rurais aos programas para Restauração das APPs.

A APAVIVA vem, ao longo dos anos, fazendo essa aproximação entre os fazendeiros da região e os programas de plantio para restauro florestal. Essa é uma tarefa que exige um corpo a corpo individual, pois é necessário que seja feito um trabalho amplo de educação ambiental específico para esse publico adulto, envolvendo especialistas e diversas áreas. Isso porque a conscientização passa por uma mudança de paradigmas com relação à crença de que reflorestar não significa ter perdas econômicas. A preservação das matas e o reflorestamento de áreas degradadas podem agregar valores econômicos ao imóvel. E o mais importante: a floresta em pé está diretamente relacionada a produção e preservação de água e, portanto, à vida de cada um de nós.

Considerando que a Unidade de Conservação é de uso sustentável o projeto de EA de adultos passa pela identificação, cadastramento das áreas disponíveis para o plantio. Os proprietários que disponibilizarem parte de suas propriedades para o reflorestamento podem se beneficiar como uma compensação voluntária de emissões de gases estufa, ou cumprimento de compromissos ambientais ou no âmbito de ações de responsabilidade social, sem onerar o proprietário da terra, sem compromissos burocráticos. Nesta ação dos Reflorestadores Voluntários os proprietários rurais que desejam reflorestar e não pretendem passar por processos de compromissos públicos formais, são contemplados, assim com a demanda do cidadão comum, moradores dos centros urbanos, que buscam formas de contribuir voluntariamente com a restauração das florestas.

A APA de Campinas possui apenas 30% do seu território com cobertura de vegetação nativa. Segundo dados do Plano de Manejo da APA, das 2.500 nascentes, pelo menos 50% estão sem cobertura vegetal. Os reflorestamentos são fundamentais para o equilíbrio ecológico, oferecendo proteção para as águas e o solo, reduzindo o assoreamento de rios, lagos e represas e impedindo o aporte de poluentes para o meio aquático. Formam, além disso, corredores que contribuem para a conservação da biodiversidade; fornecem alimento e abrigo para a fauna; constituem barreiras naturais contra a disseminação de pragas e doenças da agricultura; e, durante seu crescimento, absorvem e fixam dióxido de carbono, um dos principais gases responsáveis pelas mudanças climáticas que afetam o planeta.

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